PIB de 2020 pode ser pior que o 1,1% de 2019, alerta economista
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5 de março de 2020, 15:41
Rede Brasil Atual-Para o economista Marcio Pochmann, professor do Instituto de Economia da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o resultado do PIB de 2019, com
crescimento “pífio” de 1,1%, revela que as “reformas” neoliberais – trabalhista
e da Previdência – não alcançaram os resultados defendidos pela dupla Jair
Bolsonaro e Paulo Guedes, com o apoio da mídia tradicional, além de escancarar
o “descompasso” entre as projeções do governo e do mercado e a realidade.
“Se não houver uma mudança de rumos, a tendência é que o crescimento em 2020 seja ainda pior, em função dos impactos globais da epidemia de coronavírus”, afirma.
“Se não houver uma mudança de rumos, a tendência é que o crescimento em 2020 seja ainda pior, em função dos impactos globais da epidemia de coronavírus”, afirma.
Aos
jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta
quinta-feira (5), Pochmann reforçou que os economistas liberais praticam fake
news, e que os resultados da atividade econômica do país no ano passado só não
foram piores por conta de medidas “heterodoxas”, como a liberação das contas do
FGTS.
“Defendiam que as reformas e os cortes de gastos públicos levariam a uma retomada do setor privado e, portanto, o país voltaria a crescer. Infelizmente essas promessas não se realizaram. Estamos nesse início de 2020 com uma renda per capita 7,3% inferior àquela que os brasileiros tinham em 2014”, disse o economista.
“Defendiam que as reformas e os cortes de gastos públicos levariam a uma retomada do setor privado e, portanto, o país voltaria a crescer. Infelizmente essas promessas não se realizaram. Estamos nesse início de 2020 com uma renda per capita 7,3% inferior àquela que os brasileiros tinham em 2014”, disse o economista.
Para o
professor, os “porta-vozes” do mercado financeiro precisam fazer uma
“autocrítica” sobre as medidas por eles defendidas e que não tiveram os
resultados pretendidos. “Cobram autocrítica da esquerda, mas para o centro e a
direita parece não haver esse tipo de circunstância. É fundamental entender
onde erramos para poder mudar.”
Segundo
Pochmann, não se trata de reformas, mas “deformas”. “É uma espécie de crença,
um ilusionismo, de que o crescimento está muito próximo.
Mas para chegar lá tem que fazer essa e aquela reforma. Na verdade, a palavra reforma não seria mais adequada. São ‘deformas’. Estão deformando o país e nos levando a uma trajetória cuja decadência é evidente”.
Mas para chegar lá tem que fazer essa e aquela reforma. Na verdade, a palavra reforma não seria mais adequada. São ‘deformas’. Estão deformando o país e nos levando a uma trajetória cuja decadência é evidente”.
Juros e
emprego
A redução
da taxa de juros, segundo Pochmann, é importante para frear o avanço da
“financeirização” da economia, mas insuficiente para fazer o país crescer, se
não vier acompanhada de medidas de estímulo à produção e ao consumo.
A
flexibilização dos contratos de trabalho pela reforma trabalhista, com retirada
de direitos, também produziu aumento estatístico na ocupação, sem garantir aos
trabalhadores as condições mínimas para se manterem.
“Estão criando uma categoria de trabalhadores pobres. O trabalho já não é mais suficiente para sair da condição de pobreza”.
“Estão criando uma categoria de trabalhadores pobres. O trabalho já não é mais suficiente para sair da condição de pobreza”.
Reservas
Além de
não fazer o que se deve em prol do crescimento, a equipe econômica do governo
Bolsonaro adota medidas que inviabilizam a adoção de medidas que colaborariam para
uma saída mais rápida para a crise. Ele defende, por exemplo, a utilização de
parte das reservas internacionais na aplicação de um plano emergencial para a
retomada do crescimento.
“Ocorre
que estamos vendo uma fuga de dólares no país. Para poder evitar que a nossa
moeda se desvaloriza ainda mais, o Banco Central (BC) vem queimando as
reservas. Perdemos quase 10% do acumulado até o governo Dilma. Estamos
queimando as pontes para sair da crise. A administração da economia é capenga e
incompetente.”
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